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O processo eleitoral no Brasil chegou ao fim. Nesta etapa pós-eleições, este blog continuará acompanhando as análises e desdobramentos da participação dos evangélicos (e da dimensão religiosa) no pleito 2010.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Wall Street Journal: Políticos brasileiros agora vêem a força dos evangélicos

6 de outubro de 2010


Paulo Prada, THE WALL STREET JOURNAL
Tradução do inglês: Magali do Nascimento Cunha

SAO PAULO, Brazil – O partido que está governando o Brasil encontra-se cortejando o voto evangélico ascendente que no domingo ajudou a estragar uma vitória esperada no primeiro turno para Dilma Rousseff, a candidata sucessora do presidente Luiz Inacio Lula da Silva.

A medida que Partido dos Trabalhadores, de esquerda, se reorganiza para o segundo turno em 31 de Outubro, se quer garantir que Rousseff mantenha a vantagem significativa sobre o seu rival, José Serra, ex-governador de São Paulo, de centro.

Chegando ao momento da votação com pesquisas de opinião sugerindo que iria conquistar a eleição no primeiro turno, Rousseff falhou não alcançando a maioria requerida, colhendo 47% dos votos, comparados com os 33% de Serra.

Para ganhar de volta o seu momentum, o partido se esforça para atrair de volta os eleitores evangélicos que desertaram em direção a outros candidatos na semana passada.

Muitos eleitores religiosos retiraram o seu apoio a Rousseff depois de uma campanha agressiva na internet convencendo-os que a candidata defende a legalização do aborto.

O esforço para conquistar os eleitores marca a primeira vez que a comunidade evangélica do Brasil, em rápido crescimento, se tornou o foco de uma eleição nacional.

Os evangélicos têm tido há algum tempo uma voz cada vez mais forte em pleitos locais e regionais, particularmente na região do Rio de Janeiro mas só agora a comunidade começou a ganhar uma massa eleitoral crítica nacionalmente.

“Eles agora têm os numerous para influenciar grandes debates”, diz Fernando Altemeyer Jr., professor de teologia da Universidade Católica de São Paulo, ao notar o crescente papel ativista que pastores evangélicos estão desempenhando na política brasileira.

Além de divulgar  os nomes dos candidates aprovados em templos e em literatura das comunidades, muitos pastores mesmo têm entrado na política.

“Meu pastor me pediu para apoiar o Serra”, disse Debora Nascimento, uma socióloga de 55 anos, de São Paulo, depois de depositar no domingo, obedientemente, o voto requerido.

O Brasil, um país de 190 milhões de pessoas, pode ter cerca de 30 milhões de cristãos evangélicos, comparados com menos de 10 milhões vinte anos atrás, de acordo com vários estudos.

Mais ainda, como brasileiros têm deixado a Igreja Católica para outras denominações em décadas recentes, a composição demográfica das igrejas evangélicas tem se ampliado, agora incluindo partes das classes média e alta além da original “base de colarinho azul”.

Para lidar com a súbita reação, alguns membros do Partido dos Trabalhadores conclamaram o partido para mudar a sua plataforma official, que  há muito procurava descriminalizar o aborto, hoje ilegal, exceto em casos de estupro ou perigo de vida para a mãe.

O partido está também buscando aliados entre os líderes das igrejas, na esperança de que eles possam convencer seus seguidores.

Uma tática é relembrá-los que Lula, apesar da plataforma do partido, nunca tentou descriminalizar o aborto por causa da falta de consenso sobre o tema no Congresso.

Rousseff “precisa enfatizar que ela vai governor como uma líder que tem o interesse de todos em mente”, disse Marcelo Crivella, um pastor evangélico e senador aliado do Partido dos Trabalhadores, que “ela não vai governar com a moral que grande parte do eleitorado acha desagradável”.
Rousseff, em uma afirmação recente ,disse que não é a favor de mudança na lei do aborto no Brasil.

As preocupações, no entanto, persistem por conta de comentários anteriores nos quais ela sugeriu publicamente que o faria. Numa entrevista em abril de 2009 na edição brasileira de Marie Claire, uma revista para mulhers, Rousseff lamentou que qualquer mulher precisasse fazer um aborto, mas sugeriu a legalização para minimizar a prática de abortos ilícitos. Enquanto um aborto “não é fácil para qualquer mulher”, ela disse, “isso não justifica que ele não seja legalizado”.

Serra, por sua parte,  também tem falado contra a flexibilização das atuais leis.

(Paulo Winterstein contribuiu com este artigo)

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