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O processo eleitoral no Brasil chegou ao fim. Nesta etapa pós-eleições, este blog continuará acompanhando as análises e desdobramentos da participação dos evangélicos (e da dimensão religiosa) no pleito 2010.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Desculpe, Marina, mas eu estou de mal

                                                         Por Maurício Abdalla

     Marina, há os que a conhecem de agora, como candidata aplaudida pelos mass  media.  Esses  podem  estar  de  bem  com você. Mas há os que a conhecem  como a militante cristã, engajada nas causas sociais que os que  hoje  a  paparicam  jamais  tiveram sequer conhecimento? ou, de qualquer  forma,  com  elas  nunca  se importaram. Há os que também a conhecem  como  a  doce  e  ferina oposição ao Governo do PSDB em seu mandato como senadora. Esses, Marina, como eu, estão de mal.
     Neutra,  Marina?  Neutros  ficamos  diante  de  questões  que nos são indiferentes.  É-lhe  indiferente  o  futuro  do nosso país? Custa-me crer, pois sua história um dia a posicionou. Posicionou-a, inclusive, ao lado de Lula. Não acredito que para você tanto faça a continuidade do  atual  Governo  ou  o  retorno dos tucanos. Sabe por que, Marina?
     Porque  não ? tanto  fez?  para  você durante os 5 anos e meio em que esteve  no  Governo. Ou você também ficaria tanto tempo como ministra de  um  Governo  do  PSDB/DEM? Ou se o governo Lula fosse igual ao do FHC?  Alguma  diferença  havia de ter, não é verdade? Caso contrário, suas motivações passariam a ser um tanto quanto paradoxais.
     Em que pese às decepções que tivemos, Marina, não nos é indiferente? a  nós  que  pensamos  nos  pobres e na justiça social ? o fato de 30 milhões  de  pessoas  terem, hoje, o que comer. Não podemos dizer que tanto faz um salário mínimo de R$ 300,00 ou de R$ 510,00. Que mais 15 milhões  de  pessoas  tenham  emprego,  em contraste com o presidente anterior que  cunhou  o  termo "inempregáveis"  como  resposta  ao desemprego, é fato que não pode deixar de tocar-nos o coração.
     É  diferente,  Marina, tratar os presidentes de outros países, quando são índios, mestiços e ligados aos movimentos sociais, como legítimos mandatários  ou tratá-los como ralé que deveria submeter-se aos EUA e ao sub-imperialismo de nosso país gigante.
     Temos  severas  críticas  ao  Governo  Lula,  mas  nenhuma  delas  se assemelha  às  críticas  das  elites  e de seus meios de comunicação. Nenhuma  delas  pode  ser  superada  por alguma proposta do Serra. Ao contrário, o retorno do PSDB/DEM apenas aumentará as nossas bandeiras de oposição.
     Em  situações  como esta, a neutralidade é um péssimo exemplo para os jovens.  Ainda  espero  que você se posicione. Ainda aguardo que você volte  a ser a Marina, de família de seringueiros, cristã, militante, sindicalista  e  Silva.  E  que  repita  para  essa juventude que não conheceu  o  governo  do PSDB/DEM tudo aquilo que você já disse sobre ele no senado.
     Ainda  espero. Pois eu, ao contrário de Caymmi ? e, em certo sentido, ao  contrário  também de você que ainda rumina uma mágoa mal digerida do Governo? "Quando me zango, Marina, eu sei perdoar".

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