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O processo eleitoral no Brasil chegou ao fim. Nesta etapa pós-eleições, este blog continuará acompanhando as análises e desdobramentos da participação dos evangélicos (e da dimensão religiosa) no pleito 2010.

domingo, 17 de outubro de 2010

Eleições: evangélicos fazem papelão na ‘Guerra (nada) Santa

Por Robinson Cavalcanti, bispo anglicano, Recife/PE

A comunidade evangélica se apequenou nesse pleito e saiu arranhada em sua imagem e credibilidade.


A eleição presidencial teve todos os  lances mesmo de pleito para prefeito dos grotões do interior, não somente no tipo de promessas feitas, mas na baixaria que correu solta na mídia e na globoesfera em termos de ataques pessoais, calúnias morais e demonização religiosa. Esse é um aspecto decepcionante, e indica quão longe o Brasil se encontra ainda de uma democracia consolidada. Tivemos um “reavivamento” da satanização das eleições de 1989 e de 1994, apenas trocando de “diabo” (onde se liaLula, leia-se: Dilma).
As invencionices mirabolantes no plano moral e no plano religioso indicam a pobreza da ausência de partidos fortes, ideologias nítidas e programas claros e objetivos para o julgamento dos eleitores, que é o que, no fundo, interessa para uma boa gestão da coisa pública, para a afirmação da cidadania, e para a promoção do bem-comum.
O mais lastimável foi ver o papelão de muitos evangélicos envolvidos nessas demonstrações de subdesenvolvimento político. As igrejas históricas, retraídas, já foram, no passado recente, submetidas a uma “amnésia compulsória” quanto ao pensamento e a ação desenvolvida no passado em nosso País, com exemplos notáveis de uma minoria discriminada com uma presença significativa.
Muitas dessas igrejas sofreram influência nas últimas décadas do fundamentalismo e a importação da polarização norte-americana. Os pentecostais saíram do gueto e da aversão à política para uma presença desordenada e pragmática, sem uma reflexão teológica adequada, e ainda obstaculados por sua escatologia pessimista, não conseguindo superar o corporativismo clientelista, apanágio generalizado de seus concorrentes neo(pseudo)pentecostais.
Com uma cultura política limitada, muitos evangélicos, de diversas denominações, foram presas fáceis e massa de manobra para políticos espertalhões (e líderes religiosos comprometidos com essa experteza). O resultado, em termos do que circulou, principalmente pela internet, foi vergonhoso. Uma coisa é certa: a comunidade evangélica se apequenou nesse pleito e saiu arranhada em sua imagem e credibilidade.
É hora de saco e cinza, de autocrítica, de arrependimento, de iluminação do pensamento pelo Espírito da Verdade, para que, nas futuras eleições, nosso quantitativo se relacione com o qualitativo, e possamos dar um testemunho maduro, que concorra para o bem da Pátria terrena. E que essas “guerras (nada) santas” seja apenas uma lamentável página do passado a ser esquecida.

Fonte: http://www.creio.com.br/2008/mensagens01.asp?noticia=595

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