Por Paulo Cezar Soares | |
Em conversas informais sobre política, certamente você já ouviu comentários do tipo: não vou votar em ninguém; político é tudo farinha do mesmo saco; político é tudo ladrão. Não é verdade. Há uma série de políticos sérios, éticos, que de fato trabalham visando ao bem-estar social do povo. Muitos arriscam a própria vida quando combatem tenazmente o crime, como é o caso, por exemplo, do deputado estadual Marcelo Freixo. Sua atuação parlamentar contra as milícias no Rio de Janeiro é retratada no filme Tropa de Elite 2. Portanto, não convém generalizar. Nem confundir política com politicagem, forma eticamente condenável de atuação política. Muitos dizem: sou apolítico. Quantas vezes você já ouviu isso? Não existe o cidadão apolítico. Político todos nós somos, de uma forma ou de outra. De forma velada ou não. Política, por definição original "é o conhecimento, a participação, a defesa e a gestão da polis" (cidade-Estado, na Grécia Antiga). Portanto, ser político é algo inerente ao ser humano. Na verdade, as pessoas que não acompanham a política partidária, são suscetíveis; costumam dar crédito a boatos, factoides e assemelhados. São vítimas fáceis de sofismas. Canção velha Tendo como base o perfil dessas pessoas, o candidato tucano à presidência da República, José Serra, aposta todas as suas fichas. Na falta de projetos que sensibilizem o povão, e tendo como adversária uma candidata que representa um governo que mudou a estrutura social do país, imprime um tom agressivo e difamatório na sua campanha. Acusa sem provas e mente quando diz ter sido o idealizador do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador e do seguro desemprego, importantes projetos de cunho social: o primeiro foi criado pelo ex-deputado federal Jorge Uequed (PMDB-RS), e o segundo por José Sarney. Na busca desesperada por algum tema que possa melhorar o seu desempenho, Serra trouxe para a campanha o aborto, explorando-o de todas as formas, a exemplo de pastores evangélicos e padres retrógrados e proselitistas, numa clara instrumentalização de uma questão de religiosa e de saúde pública. A questão do aborto, a descriminação das drogas, entre outros temas, não deve ser balizada por nenhum segmento religioso, tampouco ser objeto de análise durante uma eleição. O palco correto é o Congresso Nacional. O Brasil não é um país teocrático, e sim, laico. Exemplo para o mundo. Em solo brasileiro cidadãos de todas as religiões e nacionalidades convivem na mais perfeita paz e harmonia. Mas para a oposição nada disso importa. Durante um programa ao vivo da TV Canção Nova (da Igreja católica), um padre decidiu dar sua colaboração para a campanha do candidato José Serra. Acusou Dilma Rousseff de "abortista" e contrária aos princípios evangélicos. Pediu aos fiéis que não votem na candidata petista e disse "que o PT é a favor da interrupção de gestações indesejadas." Ressaltou "que poderia ser preso ou morto por causa das suas declarações", como se o PT usasse tais práticas. Com ética e sem preconceito Ao invés de proclamar o evangelho do amor, como Jesus nos ensinou, e que certamente o referido padre aprendeu na faculdade de teologia, preferiu usar o púlpito para fazer acusações gravíssimas, de cunho político, sem qualquer base de sustentação. Afirmou também que o PT e sua candidata pretendem "aprovar leis que cerceiem as liberdades de imprensa e religiosa, aprovar a celebração do casamento entre homossexuais, e que têm a intenção de transformar a nação brasileira em nação comunista". A candidata Dilma Rousseff pediu direito de resposta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a emissora católica Canção Nova. A despeito da maturidade do processo democrático brasileiro, ainda há aqueles que praticam uma política antiquada e antiética. Não respeitam nada, pois o que importa é ganhar. Maquiavélicos, apelam para a hipocrisia e a difamação. Como vencê-los? Votando com ética e sem preconceito. |
Paulo Cezar Soares é jornalista. Fonte: Observatório da Imprensa http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=612FDS009
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